Sopa da Pedra - O antes
A Sopa da Pedra é um dos momentos mais especiais aqui na Quinta.
É verdade, é no Inverno, calhando está frio e com azar até chove (nos últimos 3 anos estiveram dias esplendorosos de verão... ) mas não há duvida de que o Inverno no campo tem muito encanto.
A luz difusa dos dias frios, as arvores sem folhas, os campos verdinhos, o fumo das fogueiras, que nesse dia são muitas. Uma em que a Sopa vai cozinhando lentamente numa panela gigante onde não falta a pedra e todos os outros ingredientes postos pela ordem correcta, segredo da nossa Chef e minha amiga Lena com a ajuda indispensável da Mena. Outras fogueiras mais pequenas fazem um revigorante chá de gengibre com canela e maçã ou um vinho quente cheio de especiarias de beber e chorar por mais. Do forno de lenha começa a sair a ferver,o melhor pão que alguma vez comeu amassado pelas mãos da D.Florentina e da Jacinta, directamente para ensopar na Tiborna, uma tigela de azeite, alho e sal grosso, que melhor combinação para molhar o pão? Entretanto na cozinha a Filipa e a Neuza com a ajuda da Palmira preparam o Humus, aquela maravilhosa pasta de grão, na nossa receita um ponto picante, para barrar no pão, cozinham o doce de abóbora, receita das minhas tias, para servir à sobremesa acompanhado pelas melhores batatas doces, assadas entre duas fornadas de pão e descascam clementinas. Que melhor bónus para acabar do que comer doces e sumarentas clementinas sem ter o trabalho de as descascar.
Entretanto lá fora o Duarte, o Tomás, o Rodrigo, o Xico, o Sr. João, o David e outros braços que entretanto aparecem vão distribuindo as mesas pelo espaço os bancos e tudo o resto indispensável para servir um almoço memorável. Espalham-se os arranjos de flores feitos na véspera pelas minhas amigas Teresa e Leonor , isto depois de termos passado uma divertida tarde no campo a apanhar as ditas, mais o musgo, as urzes e por aí...
No escritório a Bruna e a Claudia recebem reservas, conferem pagamentos.
Alguns dos meninos dos mercados, a Mariana, o Marcelo e a Ângela estão encarregues de pôr as mesas
No armazém sob a batuta da Bela, o Rodolfo, o João, o Pedro e o David preparam o mercado para que possa levar para casa os maravilhosos legumes da nossa horta.
No campo sob as ordens do Amaro, o Bonchu, o Samurai, o Chayot, o Patiem e o Saung Pet colhem as couves, as alfaces, as beterrabas e tudo o que por lá houver para que encher o seu saco
Para trás e para a frente ando eu, a Manela, a Teresa e a Leonor.
É verdade somos muitos a trabalhar durante alguns dias para que quando entre o portão esteja tudo lindo, saboroso, memorável.
Quanto a si, só lhe pedimos que venha sem expectativas, sem agendas, sem nada a não ser vontade de estar e usufruir. E claro, vir confortável para enfrentar a dupla "Inverno - Campo". Se estiver muito frio é assumir tudo o que tem no roupeiro para se aquecer em camadas, sejam cachecol, gorro, luvas, mantas, botas... Se estiver a chover (vamos ter tecto para os abrigar se for o caso) há que vir de galochas e capas para a chuva. Se estiver um dia esplendoroso de Inverno venha fresco que nem uma alface mas não se esqueça que no Inverno arrefece de repente.
E é de repente também que tudo acaba, no dia seguinte já estaremos a entregar cabazes.
A preparação da Sopa da Pedra é feita de rituais que teimamos em manter ano após ano. Não queremos mudar nada. Adoramos o resultado. Mas nada se faria sem todos os que vêm ano após ano.
Enche-nos de satisfação perceber que se maravilham tanto como nós com a simplicidade das coisas. Bem hajam!
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