Já acendemos o forno!
Hoje foi dia de acender o forno pela primeira vez no nosso restaurante.
Como todos estes artefactos tradicionais o acender um forno de lenha pela primeira vez obriga a rituais e preceitos.
O Sr. Isidro, o artesão que o construiu, avisou logo que o primeiro fogo tinha que ser feito por ele. E o que ele diz a gente faz porque é sem duvida um grande perito nesta arte.
A primeira vez, como todas as primeiras vezes da vida, é a mais importante para que o forno fique bem "temperado", o que implica leva-lo a uma determinada temperatura, no fundo para "selar" ou "cozer" o próprio forno. Um forno bem temperado nunca racha.
E com um fogo tão bom, que tal aproveitar para cozinhar já hoje lá dentro?
Resposta pronta do Sr. Isidro "- Isso é melhor não, no primeiro fogo diz o preceito que não se deve cozinhar e ainda por cima hoje é dia santo e diz o ditado que em dia santo não se coze pão, por isso para tudo começar como deve ser é melhor obedecer"
Mas conhecer e falar com o Sr. Isidro não é só falar de fornos, o Sr. Isidro sabe tudo sobre muito da história de Portugal, tendo tempo para nos sentarmos a ouvir é delicioso aprender com ele.
Quando começa é difícil, muito difícil para-lo, salta de assunto em assunto como se as ideias brotassem em cada salto, qual trampolim. Hoje falou sobre a construção do Convento de Mafra (a sua grande paixão) da Batalha, a História dos Comboios.
E porque é uma pessoa crente, no fim remata sempre com um " - fiquem na paz de Deus, tendo cá Jesus dentro isto só pode correr bem."
Perguntei-lhe se queria que pusesse o contacto dele para quem estivesse interessado em fazer um forno, a resposta: "- não o contacto assim não, se lhe perguntarem pode dar e se quiser pode pôr a minha fotografia"
Não posso deixar de vos dizer que se um dia quiserem fazer um forno falem mesmo com este homem, para além de saber como poucos do oficio, sugere-nos que compremos os tijolos a um colega que os coze tal qual se coziam há séculos, numa "oficina" linda de morrer, que está em vias de fechar . que pena que dá sentir que não se dá o devido valor a estes ofícios.
Resumindo, se quer fazer um forno fale com o Isidro e compre os tijolos ao colega dele.
Há coisas que merecem continuar.
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Sem dúvida é uma pena o trabalho deste artesãos não crescer e vingar.
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