10 dicas para uma compra consciente



Já não somos meros consumidores, pelo menos na grande maioria dos países ocidentais vivemos vidas em que não temos de nos sujeitar “ao que há” em prol da sobrevivência. Somos agora ‘decision-makers’! Agentes de ação no que toca ao que consumimos. O mercado está cada vez mais centrado em cada indivíduo, nas suas opiniões, preferências e necessidades. Temos aqui uma oportunidade excecional de ditar o impacto que o nosso consumo tem daqui para a frente. 


O investimento na sustentabilidade está a crescer, em grande parte porque nós assim o exigimos e nós só temos de apanhar essa onda até ao fim. Devemos incentivar e apoiar todas as empresas que escolhem a sustentabilidade em vez da visibilidade e do lucro “fácil”. Devemos fomentar esforços em direção a uma economia circular. Devemos aplaudir os empreendimentos e investimentos por parte de grandes empresas e multinacionais em direção à verdadeira sustentabilidade. Devemos, ainda, continuar a apoiar o pequeno produtor que teve sempre em mente o impacto ambiental das suas ações. 


E como a mudança é feita de todas as pequenas ações do dia-a-dia, juntámos algumas sugestões que todos podemos utilizar para nos tornarmos decision-makers conscientes e inspirarmos uma nova visão para o nosso futuro: 


  1. Evitar compras sob pressão (ou com fome)! 


Acho que todos já tentamos fazê-lo no dia-a-dia, mas nunca é demais relembrar. Aquelas compras quando estamos na fila para pagar, aquelas exposições atrativas de produtos que nos levam a comprar o que já temos em casa, tudo isto pode ser evitado e pode, também, ser uma grande ajuda para a carteira. Antes de pagar, não custa pensar duas vezes. Precisamos? Faz-nos bem? Não temos algo em casa que serve o mesmo propósito? 


  1. Reutilizar! 


Também nada de novo, mas algo que muitas vezes nos pode passar ao lado! Até na compra de produtos “sustentáveis” não nos podemos esquecer que “a ecologia não se compra, pratica-se”. Pode não ser a escolha mais apelativa, mas vamos tirar uma página do livro das nossas gerações antepassadas e reutilizar até não dar mais. O trapo/toalha velha que se pode tornar no saco de pano; Os frascos que se servem de “tupperwares”; As garrafas de vidro que viram jarras de flores; Para além de rapidamente se encontrar dicas de reutilização em qualquer motor de pesquisa. Aqui a imaginação é o limite!


  1. Repensar o uso/escolha de embalagens 


De acordo com a organização Plastics Europe, o consumo mundial só de plástico atingiu os 368 milhões de toneladas, em 2019 e infelizmente grande parte não é reciclada. Atualmente, temos cada vez mais acesso à venda de produtos a granel, e embalagens recarregáveis, a embalagens feitas de amido de milho, etc… E não se esqueçam dos vossos sacos reutilizáveis, e acima de tudo, que muita fruta e legumes já vêm com a sua embalagem natural! 


  1. Rótulos! Rótulos! Rótulos! 


Os rótulos das embalagens não servem só para ver a validade, muitas vezes esquecemo-nos da parte mais importante - os ingredientes e o seu valor nutricional. Quando pegamos num produto novo, o primeiro instinto deve ser de “vamos lá ver o que vai para aqui”. Procuramos conservantes e corantes artificiais, os “E’s”, os aromas artificiais, o óleo de palma, basicamente tudo o que nos indica que o alimento é processado ou produzido sem ética ambiental e social. Se quiserem, podem ainda estar atentos aos vários certificados, por exemplo o FSC, o Cruelty Free, o certificado BIO (claro!), etc.


  1. Reduzir a pegada da alimentação


A produção de alimentos, nomeadamente a agricultura convencional, a pecuária e a indústria são responsáveis por 26% das emissões de gases do nosso planeta. Além disso, as práticas correntes são ainda responsáveis pela utilização massiva e corrosiva do nosso solo, por 70% da extração de água doce do nosso planeta e ainda nem cheguei ao transporte destes produtos, dos quais o avião é o mais prejudicial. O que podemos fazer? Comer sazonal e local sempre que pudermos! Quando optamos por produtos importados, podemos evitar/reduzir o consumo de produtos que sejam transportados de avião, que provêm de monoculturas e/ou cultivo convencional e que necessitam de muita água na sua produção (ex: abacate, carne, laticínios, etc.).   


  1. De onde vem? 


Quantas coisas comem/usam das quais desconhecem a origem? Se a resposta for “tudo” ou “a maioria”, temos de conversar. Se não sabemos de onde vem, não sabemos nada. Não sabemos como é produzido, quem produziu, quais os processos por que passou, como chegou aqui. Não sabem o bem, nem o mal que vos vai fazer a vocês ou ao nosso ecossistema. Especialmente, em Portugal que temos tantos produtores maravilhosos dos mais variados produtos e que apoiam a transparência com o seu cliente, vamos apoiar estes negócios sempre que possível e comprar o que sabemos que é bom para nós.  


  1. Sazonalidade


Estamos habituados a chegar ao supermercado e ter uma grande variedade de frescos. Sabia que o pepino e a melancia são culturas de Verão, porque nos ajudam a hidratar nos dias mais quentes? E que os citrinos se devem comer no Inverno, quando mais precisamos de um boost de vitamina C? A natureza já tem tudo pensado, nós só temos de seguir a sua direção. Para além de um maior valor nutricional, produtos sazonais são habitualmente mais frescos, ricos em sabor e normalmente percorrem menos distância para chegar ao consumidor. Só coisas boas!


  1. Exigir transparência das marcas 


Temos o direito de saber como e onde o produto que estamos a comprar foi produzido, os seus ingredientes, a sua origem e os valores e ética do produtor. Começamos a ver cada vez mais marcas a fazer um esforço nesta direção, tais como a Guerlain. A marca de cosméticos lançou uma plataforma online em que podemos ficar a conhecer a “ficha técnica” de cada produto - desde a origem dos ingredientes ao processo de produção e modo de transporte. Estas são iniciativas que temos de incentivar e apoiar! É mais um passo na direção certa. 


  1. Explorar produtos de origem vegetal


Como já todos sabemos o consumo em massa de carne e peixe está longe de ser sustentável e ético. Consequentemente, conseguimos ver um aumento na procura e na oferta de produtos de origem vegetal. Praticamente todos os dias nasce um produto novo que ajuda a manter uma dieta mais virada para o “plant-based”. Mesmo que a dieta vegetariana/vegan possa não ser para todos, o equilíbrio é chave e neste caso, em que a balança já está desajustada, o equilíbrio é que a grande parte da nossa alimentação seja à base de plantas. No entanto, mesmo explorando esses produtos, nunca esquecer: Rótulos! Rótulos! Rótulos!


  1. Exercício Mental


Ora, isto pode tudo parecer assoberbante e muito difícil de concretizar, mas é tudo uma questão de hábito e estas sugestões não fogem à regra. No entanto, não podemos estar à espera de poder fazer tudo na perfeição para começar. Estas sugestões são aplicáveis no dia-a-dia das mais pequenas às maiores escolhas. Começamos devagar, sempre com uma mente inquisitiva, vontade de fazer melhor e tentar guardar espaço mental para repensar as nossas decisões em vez de nos lançarmos à primeira coisa que encontramos na prateleira. 



Texto da: Carlota 



Fontes: 


https://www.deco.proteste.pt/alimentacao/produtos-alimentares/noticias/como-seguir-uma-alimentacao-mais-sustentavel  Acesso: Agosto 2021


Patricio, Isabel. (2021). Sustentabilidade e Bom Senso: Como a beleza está a ficar mais “verde”. Sustentável, Vol.2: pág. 14-27.






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