"Aplaudo e subscrevo as ações dos ativistas"




Este texto é a transcrição de excertos de um dos episódios do podcast "De Viva Voz" com o Miguel Sousa Tavares. 
Aplaudo e subscrevo tudo o que diz. 
Quando devíamos estar agradecidos a quem se digna sair do seu conforto para lutar por causas que dizem respeito a todos, não só não estamos agradecidos, como ainda há quem os compare a terroristas ... 
A história é feita de gente que luta pelos direitos de todos. O futuro depende dos que lutam pela preservação do planeta. 

"... eu aplaudo, subscrevo e estou inteiramente de acordo com a atividade dos ativistas... (...)

Estou inteiramente de acordo porque de facto estou farto da hipocrisia dos discursos políticos sobre o ambiente, nós temos dados científicos claros, hoje em dia, que não permitem mais a inércia a que assistimos e eu penso que é esta geração que vai pagar a fatura, esta e os filhos desta geração e portanto eu já o tenho dito várias vezes, se esta geração não se revolta ativamente ninguém vai tratar de defender o planeta. 

Aliás até parece que foi coincidência ou até parece que foi de propósito, o Papa publicou uma espécie de extensão a uma encíclica, (...) o Laudate Si de 2015 (...). nesse opúsculo o Papa fala dos ativistas ambientais e diz o seguinte: 
" Eles preenchem o vazio da sociedade inteira, aos poderosos, ao poder atrevo -me a repetir esta pergunta, para que se quer reservar o poder de hoje, um poder que será recordado pela sua incapacidade de intervir quando era urgente e necessário fazê-lo" ou seja, o Papa diz: os poderosos ficam muito incomodados quando os ativistas os desafiam, porque eles são o poder legal, mas que poder é este que face às ameaças climáticas que é o mais urgente, fica de braços cruzados? que legitimidade tem o poder para se sentir incomodado quando é desafiado á margem da lei, quando ele não cumpre a sua função essencial? ora, nós aprendemos todos que a resistência passiva ou a resistência ativa a um poder que atua ilegitimamente é legitima em si mesma. Neste Opúsculo, é um Opúsculo contra o negacionismo das alterações climáticas, o Papa enumera tudo aquilo que se sabe cientificamente e que como diz o evangelho, é quase um pecado que brada aos céus negar a verdade conhecida como tal e a verdade conhecida como tal das alterações climáticas não permite que se continue de braços cruzados. 
 Respondendo à questão, eu não estou nem do lado dos que consideram isto um crime nem do lado dos que compreendem, eu estou do lado dos que aplaudem as atitudes dos ativistas. 

(...) ... não, não há diálogo, o secretário geral da ONU, António Guterres já chamou várias vezes a atenção para estas questões, chamou em tom dramático, chamou em tom persuasivo, tentou falar com toda a gente, ninguém quer saber, ninguém o ouve, as pessoas só querem saber é da guerra, de mais armas, de mais energia... Nós vemos por exemplo em Inglaterra Rishi Sunak, adiou por cinco anos o plano para combater as alterações climáticas, em França Macron fez o mesmo com as centrais a carvão, na Alemanha a desativação das centrais nucleares ficou adiada sine die, em todo o lado se está não apenas a não cumprir o acordo de Paris, como a recuar em relação ao que tinha sido acordado. O aquecimento global de apenas um 1,5º até 2030 que era considerado essencial para conseguir manter níveis suportáveis no planeta, vai, talvez, para 2,5º por isso eu acho que tudo o que seja chamar as atenções, atitudes radicais, atitudes que de facto agitam consciências têm o meu aplauso."

1 comentário:

  1. Claro que sim.... Estamos todos de acordo no fim mas nem todos concordamos com os meios. Além de que, toda a UE em conjunto, emite pouco mais CO2 que a Russia, cerca de 50% dos EUA e 1/5 da China. Ou seja, a China emite 30%, os EUA 12%, a India 6% e a Russia 5%. E como se sabe, na China ou Russia ou India, existem muitos protestos ambientais.
    E se considerarmos a emissão por pessoa (um indicativo que me parece mais justo) apenas aparecem 3 democracias ocidentais (EUA, CAnadá e Austrália) no TOP10. O resto são autocracias, ditaduras, etc.
    Ou seja, estas acções em países com uma consciencia democrática como Portugal, Alemanha, etc é como o Titanic estar a afundar-se e estarem a tirar a agua com baldes. Mesmo que a UE atingi-se a neutralidade carbónica já amanhã não iria travar o aquecimento global (seria uma gota no oceano)

    ResponderEliminar

© A vida de uma alface
Design:Maira Gall.