Um dia na distribuição

 


Calçar os sapatos dos outros. É uma coisa que fazemos pouco. 

A semana passada, com mais uma falha de uma pessoa na distribuição, desafiei a Bruna (acho que todos os nossos clientes de cabaz já a conhecem), que andava há anos a dizer que gostava de fazer um dia de experiência na distribuição, e lá fomos as duas. 

Note-se que eu já o tinha feito várias vezes logo no início desta aventura, mas apesar de ter menos 12 anos nunca mais me esqueci que ás 22h estava a bater à campainha do último cliente, na Rua de S. Bento, em Lisboa e a subir a um 3º andar, que mais parecia um 6º, sem elevador.

Mas isso já tinha sido há muito tempo.....

Na terça feira da semana passada levámos 38 cabazes, começámos a primeira entrega em Oeiras às 11h45, fizemos a última por volta das 17h,   nem foi má a média, digo eu... 8 minutos entre entregas, não parámos para comer, nem, claro, para ir à casa de banho. Guardámos tudo para o fim, porque íamos achando que estava quase. Felizmente estávamos as duas com espirito positivo. 

A zona ajudava muito, estávamos entre Oeiras e Carcavelos. Sem trânsito, sem ruas apertadas, sem dificuldade em arranjar espaços para paragens breves. Éramos duas, logo não era necessário fechar o carro ou estacionar devidamente. Tudo se conjugava para termos o trabalho facilitado. 

Graças ao programa de gestão de rotas que adquirimos há uns meses, o Gowizi (merece publicidade) foi mil vezes mais fácil. E lá vamos andando, à mercê do Gowizi. 

Mas (e porque há sempre mais do que um mas) que não é fácil, não é. 

Ele há clientes que não estão em casa e não dão opção de entrega quando isso acontece, e lá andamos nós a tentar ligar para o cliente, que não deve poder atender e ao fim da terceira insistência, envia mensagem a pedir que deixemos por cima do portão, mas por cima do portão não dá para deixar nada, afinal não era em cima do portão, era em cima do muro do lado de dentro do portão. Deixamos, mas com algum receio que algum/a engraçadinho/a se lembre de lhe deitar mão, porque fica mesmo à mão de semear. E nisto já temos a média toda estragada... 

Ele há ruas que são becos, sim mesmo em Oeiras os há, e que não damos por eles à primeira, passamos na rua e vamos em frente, afinal era lá atrás, toca a dar uma volta " ao bilhar grande" bem grande, e à segunda entramos e a meio rezamos para que o carro (um carrão) consiga sair dali incólume. 

Ele há prédios que têm lote e número, e apesar de ser o número que faz chegar á morada, é o LOTE que está em números garrafais, e o número pequenino, tão pequenino, que só à entrada do prédio se dá com ele. E andamos para trás e para a frente na rua... média estragada... 

Ele há ruas que começam por Dr., mas que no google maps (onde o gowizi vai beber informação) só reconhece o doutor se estiver escrito por extenso. 

Ele há prédios que devem ser construídos para evitar visitas. Andamos à volta do quarteirão à procura da melhor forma de chegar à porta de entrada, mas afinal os acessos exteriores obrigam a deixar o carro longe e fazer todo um percurso a pé. 

Ele há enganos que nos fazem voltar atrás, porque aquela cliente tinha duas caixas, só lá deixámos uma e só demos por isso na paragem seguinte. 

E isto tudo, e eu não sai do carro. Foi a Bruna que saltou em cada uma das 38 moradas, subiu escadas, entrou em prédios, saiu de prédios,  a carregar uma ou duas caixas. Ah grande Bruna!!! 

No fim refastelámo-nos com um belo almoço muito tardio, haja alguma compensação!! 

Mas (o último mas) cheguei a algumas conclusões. 

Pedir aos meninos da distribuição:
que olhem para o conteúdo de todos os cabazes e retirem algum produto que esteja estragado, é pedir demais.
que distribuam folhetos enquanto fazem as entregas, é pedir um esforço suplementar. 

No fim do dia a nossa conclusão foi a de que se tivéssemos o dobro dos cabazes, fossemos para Lisboa e sem ajuda, provavelmente ainda por lá andávamos hoje :-) 

Concluímos que os nossos incríveis clientes podem dar uma enorme ajuda aos meninos da distribuição se nos indicarem a morada tal e qual ela é reconhecida no Google Maps e também se nos indicarem sempre uma alternativa de entrega bem explícita. É que a tarefa não é fácil. 



  


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