OS NOSSOS MORANGOS DA CAMPANHA DE 2024 NÃO PODEM SER VENDIDOS COMO BIOLÓGICOS PORQUE NÃO PODEM SER CERTIFICADOS.
INFORMAÇÃO MUITO IMPORTANTE PARA O CLIENTE /CONSUMIDOR – POR FAVOR LEIA!!!
CONTINUAMOS A FAZER TUDO COMO SEMPRE FIZÉMOS.
DURANTE 14 ANOS PRODUZIMOS MORANGOS BIOLÓGICOS.
ESTE ANO NÃO NOS É PERMITIDO USAR O TERMO BIOLÓGICO.
EXPLICAMOS EM BAIXO O PORQUÊ. POR FAVOR, LEIA!
Devido a uma alteração na legislação comunitária estes morangos não podem ser certificados como biológicos.
No entanto, e como aconteceu até hoje, desde a plantação e até ao fim da colheita as práticas usadas respeitam integralmente o modo de produção biológico.
Até 2023, todos os produtores de morangos biológicos compravam plantas/estolhos (veja em baixo o que são estolhos) convencionais para produzir morangos biológicos.
Sendo o uso destas plantas/estolhos permitido, nunca houve necessidade de produzir plantas certificadas em modo biológico, logo nunca houve no mercado plantas bio para compra.
Em 2023 saiu uma diretiva que proibiu o uso de plantas/estolhos convencionais.
Esta diretiva não deu tempo aos viveiros de incluírem no seu planeamento a produção de morangueiros certificados. (aqui entre nós, nem sei se o irão fazer visto que a quantidade de produtores de morangos biológicos é pequena)
Como podem calcular ficámos em pânico.
Tentámos por TODOS os meios ao nosso alcance ultrapassar o problema.
Começámos por contactar a DGDADR (Ministério da Agricultura), e a responsável pela área biológica. Foi muito simpática e mostrou real vontade de nos ajudar, mas por um lado estava, segundo a própria, impedida de tomar uma decisão contrária à diretiva, por outro as soluções que nos sugeriu, demonstraram ser impossíveis de seguir.
· Importar plantas dos Estados Unidos, sem dúvida uma solução à partida estranha pela dificuldade em transportar plantas “vivas” entre continentes, mas que ao mesmo tempo demonstra a dificuldade de encontrar plantas bio na Europa.
Mas acabámos por entender a sugestão quando percebemos que a maior parte das variedades de morangueiros foram desenvolvidas por empresas americanas, que não só as vendem em exclusivo a todos os viveiristas no mundo, como cobram royalties por cada planta que estes viveiristas reproduzam, reprodução que controlam obsessivamente através de sistemas de gps (acho que é assim que se diz) mas basicamente, é do céu que vão controlando a quantidade de plantas que são produzidas.
· Sermos nós a reproduzir as nossas próprias plantas E é precisamente esta detenção de registo das variedades que faz cair por terra esta segunda sugestão vinda do Ministério. Se já não era de todo fácil, porque é preciso know how (por isso há viveiristas) acresce que é ilegal, estando, quem o faz, sujeito a indeminizações avultadíssimas (ou fossem os americanos os reis das indeminizações). Não vamos aqui discutir esta detenção de royalties, porque daria outro texto sem fim.
Ao mesmo tempo íamos tentando encontrar viveiristas bio na Europa. Apesar de TODOS os nossos esforços para encontrar plantas biológicas não conseguimos ser bem sucedidos.
Começámos por pedir ajuda à AGROBIO (Associação Portuguesa de Agrícultura Biológica) pois teriam mais facilidade, junto dos seus congéneres europeus, de descobrir os viveiros. Não conseguiram passar-nos nenhuma informação sobre viveiros, mas deram-nos o nome de algumas congéneres.
Tentámos contacto com mais de 20 entre Espanha, França, Itália (em Itália há uma por região) e Holanda.
Resultados:
· Encontrámos um único viveiro na Holanda que nos disse já ter feito uma experiencia em Portugal em 2022 e que não tinha corrido bem devido às diferenças climatéricas entre países, mas também já não tinham plantas.
· De Itália respondeu-nos uma região. Não tinham conhecimento
· De Espanha, nada.
· De França um pequeno viveiro com variedades muito especiais e excelentes, tamanho de mirtilo e com uma produção muito baixa, que até poderíamos experimentar, mas nunca para fazer em quantidade.
· Dos USA , contactámos o viveiro que nos foi sugerido pelo Ministério , que fica na Califórnia, localização muito parecida com a nossa no que toca ao clima. Depois de vários emails trocados, responderam dizendo que não exportam quantidades tão pequenas.
Depois de toda esta “luta” para conseguirmos ou plantas bio ou alguma derrogação da diretiva por parte do Ministério, com quem tivemos muitos emails trocados e uma reunião com vários produtores e viveiristas que promovemos na Quinta (faça-se justiça, a responsável do Ministério nunca fugiu ao diálogo) , sem qualquer resultado, decidimos avançar e comprar plantas convencionais, sabendo que estávamos a pôr em causa a certificação dos nossos incríveis morangos.
Sorte a nossa que vendemos diretamente ao consumir final e, acreditamos que explicando, não vão deixar de comprar.
Mas ficamos a pensar como o farão os nossos colegas, não só em Portugal como em toda a Europa para conseguir certificar os morangos.
Se fossemos produtores de morango bio e vendêssemos para o retalho, como iriamos sobreviver?
Como podem uns senhores sentados numa secretária algures por aí decidir acabar com a produção de morangos biológicos na Europa?
Já estou a ver os marroquinos, onde estas diretivas não existem a fazer milhares de hectares de produção e morango biológico. Talvez seja por isso que já há por lá tantas empresas nacionais a produzir.
No fim concorrem em preço com os que cultivam na Europa com regras cada vez mais apertadas e tantas sem sentido.
A dor dos morangos fez-nos sentir ainda mais de perto a dor de todos os que se têm manifestado pela Europa fora.
As manifestações são essências, mas mais do que isso achamos que este texto, que tem que ser sem fim, é que nos ajuda a informar e alertar o consumidor.
Consumidores informados são a nossa salvação.
PS: Ainda vamos ter que perceber como proceder na informação a dar em todos os documentos para não pormos em risco a nossa certificação...
· O que é o Estolho do morango?
O morango é plantado através de mudas oriundas dos estolhos (ou estolões) do morangueiro. O estolho ou estolão é um caule rastejante que cresce eventualmente lançando raízes e brotos, dando origem assim a novas plantas.
No caso dos morangueiros, por se propagarem através de estolhos e por não haver diretivas na legislação sobre MPB para os estolhos, foi possível para todos os países e para todos os produtores usar estolhos convencionais para produzir morangos biológicos
Isto tudo parece-me completamente surrealista. Não se preocupe, Luísa, eu continuarei a comprar os vossos maravilhosos morangos, como sempre fiz. Espero que os outros clientes, também. Beijinhos
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