Um cliente, uma garrafa...


...de um dos melhores azeites do mundo. Já está a pensar que é um exagero? não, não é. Porque o azeite, tal como tudo na vida, pode ser visto por muitos prismas, segundo o nosso, por tudo o que reúne, este é realmente o melhor do (nosso) mundo. Porque tem altíssima qualidade, porque é produzido de forma completamente artesanal, porque tem doses de dedicação surreais. 

Já ando para vos falar deles há anos (literalmente)! São o Tiago e o Ricardo. São os produtores do Azeite Egitânea. O Azeite que vendemos nos cabazes. São uma dupla incrível!! com um projeto tão espectacular como de "gente doida".

Este projeto fica num sitio maravilhoso!!! no concelho de Idanha-a-Nova, na aldeia de Idanha-a-Velha (cujo nome foi em tempos Egitânea) 

São 180 ha de olival muito antigo que estão a recuperar através de maneio verdadeiramente holistico. E é por isso que é tão valioso, mas já vos explico o que quer isto dizer. 

Mas antes quero reforçar a força e resiliência desta dupla. Um dia resolveram mudar-se de Lisboa para a Beira para iniciar um projeto de loucos. Os tais loucos que fazem o mundo avançar no sentido certo. 

Este olival teve a sorte de cair nas suas mãos. Estas árvores, muitas centenárias, têm a sorte de ser cuidadas por quem entende a natureza, por quem pensa na preservação em detrimento do lucro. 

Cuidar de um olival destes requer muito espírito de resiliência, muita persistência, muita determinação, e uma grande dose de audácia embrulhada em loucura. 

Eles fazem parte dos heróis desconhecidos. E não, não estou a exagerar.

Pelas palavras deles: 

"O Projecto Azeite Egitânia é um espaço de reflexão sobre o momento actual da olivicultura em

Portugal. Procura encontrar soluções com impacto territorial para travar o abandono dos olivais
tradicionais de sequeiro que atravessam um período de grande fragilidade devido à dificuldade em
competir financeiramente com os olivais intensivos, à falta de mão-de-obra e às consequências das
alterações climáticas. O nosso cliente é um cliente que se fideliza pela alta qualidade, pela
representação de um território (Beira Baixa), mas também porque suporta o projecto em si, através
da compra consciente dos nossos produtos.

A agro-pecuária Real Idanha, dedica-se desde 2007 à produção em modo Biológico na Bio Região
de Idanha-a-Nova. Com foco maioritariamente na produção de azeite biológico, proveniente de
olivais tradicionais de sequeiro da Beira Baixa e suas variedades endémicas, integra no seu sistema
produtivo o pastoreio de ovinos no olival como forma de maneio sustentável. 

A produção simultânea de diferentes níveis de economia no mesmo espaço é fundamental. A produção animal em simbiose com o olival é claramente uma evidencia disso, e o foco principal de desenvolvimento dos próximos anos.



Legenda: os ramos resultantes das podas da oliveira servem de alimento ao rebanho.


Estamos a instalar mais floresta autóctone, e a apostar fortemente na biodiversidade e resiliência do nosso sistema produtivo. 

A preservação e valorização das variedades genéticas das cultivares da Beira Baixa (Galega, Bical,
Cordovil), o apuramento genético de raças autóctones de ovinos (Merino Preto) e os milhares de
árvores endémicas que plantamos e deixamos regenerar, são a parte mais visível dos nosso
serviços ao ecossistemas e biodiversidade.

Como práticas, a não mobilização do solo, para prevenir
a erosão, conjugado com os sistemas de captação e retenção de água que implementamos, aliados a um coberto vegetal
permanente, alimentado por estrume de ovelhas (em pastoreio holístico) e por uma gestão
consciente dos resíduos sobrantes das podas (estilha), resulta numa regeneração do solo, e de todo
o ecossistema da quinta, capaz de uma grande fixação de carbono no seu sistema radicular,
pastagens e árvores. Regeneramos as galerias ripícolas e fomentamos a diversidade de plantas
arbustivas para os insectos polinizadores e auxiliares.

A conclusão a que chegámos é a de que tem que existir uma mudança de paradigma em relação à
condução do olival de sequeiro. A única forma de o manter financeiramente viável é baixando custos
de produção e criando outras camadas produtivas no mesmo espaço. O pastoreio de ovinos é um
exemplo perfeito, beneficiando ambas as produções de uma relação simbiótica positiva. A
valorização da oliveira em toda a sua capacidade forrageira, transformando podas (custos) em
forragem (custo) é ex. disso Por outro lado, a necessidade urgente de adensar estes sistemas com
outras espécies arbóreas e arbustivas permitirá garantir diversas fontes de forragem e rendimento
independentemente das expressões do clima

Biodiversidade e Auto-suficiência! Assentar o sistema produtivo numa logica de ecossistema é
garantir a sua resiliência Não depender de adubação externa (porque se tem animais e se optimiza
a gestão de resíduos), não depender de forragens externas (porque se tem diversos recursos
forrageiros, mesmo em anos de seca), não depender de combustíveis fosseis para manter os
terrenos limpos (porque os animais alimentam-se enquanto realizam esse trabalho),são algum
exemplos ecológicos de Auto-suficiência"

2 comentários:

  1. Projeto maravilhoso e azeite fantástico.

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  2. O meu bem haja por estarem a fazer o que está certo e o ambiente agradece também.

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