A Pera que não é biológica


Estamos em plena apanha da pêra na Quinta. Durante muitos anos esta foi a época mais empolgante do ano. Com muita gente que trazia animação e agitação ao nosso monótono dia a dia. Durante o resto do ano nada acontecia de relevante, o tempo corria sempre ao mesmo ritmo, apanha, poda... pelo meio os tratamentos, as adubações, a poda em verde...
Há 7 anos atrás com o inicio da produção em modo biológico tudo mudou. De dias de azafama contados pelos dedos passamos à azafama diária. Agora do que sentimos falta é de sopas e descanso.
Já nada é como antes, mas há uma parte da Quinta que ainda continua com o mesmo ritmo.
É verdade que temos aumentado a área em modo biológico todos os anos, mas ainda temos 18 ha de pêra Rocha.
E se a pergunta é, então porque não convertem os pomares ou porque não os arrancam e convertem de uma vez a Quinta toda?
A resposta será, já fizemos uma tentativa de converter um pomar de pêra para MB mas o resultado foi tão mau que desistimos. São pomares já instalados há muitos anos, numa zona bastante húmida ideal para o desenvolvimento de fungos, e a variedade (Rocha) também não ajuda, muito atreita aos ditos.
Também não tem qualquer sentido arrancar os pomares todos assim de repente, sem primeiro conseguirmos mercado para mais 18ha de produtos biológicos. Estamos a fazê-lo pouco a pouco à medida das nossas necessidades, à medida do nosso crescimento, à medida dos pedidos dos nossos clientes.
É verdade que não nos sentimos nada bem a defender a agricultura em modo biológico e a produzir numa parte da Quinta em produção integrada mas também me custa "apagar" definitivamente a parte da história da Quinta escrita pelo meu pai...
E para conseguirmos viver com estes dois quereres contraditórios resolvemos produzir pêra de um modo o mais aproximado possível do biológico.
Já não usamos herbicidas, (sim, os nossos pomares não são tão bonitos porque têm erva ...) nem adubos químicos.
Um dia havemos de ter um maravilhoso pomar biológico cheio de fruta variada.

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