Quando as coisas duravam



Apresento-vos o objecto MAIS VALIOSO que tenho em casa.

E porque resolvi dar esse estatuto a um simples isqueiro para o fogão?
Porque sendo um simples isqueiro tem no mínimo 40 anos e NUNCA deixou de funcionar.
Até a mim me faz "espécie" pensar como é possivel.
Não precisa de ser carregado, não precisa de pedra nova, em suma, não precisa, nem nunca precisou de nada a não ser de si próprio para funcionar.
É, sem qualquer tipo de dúvida, o objeto que mais dinheiro nos fez poupar aqui em casa.
E o seu valor não se fica pelo que nos fez poupar a nós, a sua longa vida ajudou a poupar recursos, matérias primas, desperdício, lixo...
É tão valioso para nós cá em casa como para este nosso planeta.
Quem o criou devia ganhar o Premio Nobel do Ambiente (no dia em que o instituirem).
Se por volta de 1970 houve quem inventasse um objeto com vida eterna, por maioria de razão ou desenvolvimento, hoje estamos em condições de inventar milhares de objetos com vida eterna.
Mas todos sabemos a resposta à pergunta: "- E porque não o fazem?"

Estamos empenhados em gerir recursos, em reduzir a produção de tudo o que seja de uso único,  mas é urgente pensar também na vida cada vez mais curta dos objectos de uso múltiplo.

Quando nos preocupamos (e muito bem) em eliminar uns, não nos devíamos também preocupar em fazer com que os outros durassem muito mais?

Infelizmente sinto que a evolução do conhecimento não vai nesse sentido
Quantos inventores ou criadores de isqueiros com vida própria terão sido "convidados" a deitar as suas invenções para o lixo?




1 comentário:

  1. Completamente! A minha mãe ainda tem em casa inúmeros objectos e elecrodomésticos que, ou foi ela que comprou há muitos anos, ou ainda eram da minha avó: iogurteira, batedeira, facas, tupperwares, picadora... material que elas usaram montes de vezes e que ainda duram. Hoje em dia é mais um "chiclete, mastiga, deita fora". Para quê gastar mais e até durar, se podemos comprar por menos e ainda ir variando? O ciclo de vida dos produtos de hoje é muito muito curto. Infelizmente é o pensamento da maioria das pessoas.

    ResponderEliminar

© A vida de uma alface
Design:Maira Gall.