O valor das coisas em modo COVID



Comecei este ano a falar do valor das coisas.
Mal sabia eu.
E comecei assim porque sentia eu, e muitos de nós, que tínhamos as prioridades viradas do avesso.
Dávamos (e agora estou a usar o passado) valor a coisas que tão depressa, mas tão depressa mesmo, percebemos que não têm valor nenhum.
O valor das coisas é realmente, prova-se agora e num instante, absolutamente relativo.
E de repente só pensávamos em ter a despensa cheia.
E de repente o importante passou a ser igual para todos.
De repente, mesmo de repente, as preocupações passaram a ser as mesmas para todos.
E foi como se viesse uma nave e nos transportasse a todos sem excepção para outro mundo, o mundo onde o valor das coisas se resume ao que realmente importa.
Em três tempos apareceu um vírus que nos fechou em casa.
E de repente, a malta que se habitou a estar "ocupada" não tem nada para fazer.
E de repente percebeu-se que nas ultimas décadas se desaprendeu de estar.
Quando todos nos queixávamos de fazer demais, de não ter tempo, agora tem-se vindo a descobrir que o estado de não fazer nada e ter tempo para tudo nos corrói.
E é ver nas redes ideias, workshops, cursos, grupos, e mais isto e mais aquilo.
E que tal PARAR MESMO? e ver no que dá?
Ficarmos, só.
Como ficam os velhos nos montes do alentejo ou nas aldeias perdidas por aí fora. Sentados à soleira da porta. Sem nada, só a estar.
E a pensar.
Como vai ser daqui para a frente?
Que nos permitamos aprender com a lição.

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