A Era do Humano

O Ser Humano - parte da Natureza ou o Ser Vivo Alpha? 

 Pode parecer uma pergunta sem nexo, mas permitam-me continuar. 

A evolução pode-nos ter proporcionado capacidades extraordinárias, mas isso não faz de nós mais importantes que um mamífero, um peixe ou um insecto. Na verdade, viemos todos da mesma célula e, ao final de contas, somos todos necessários na criação do mundo como o conhecemos. 


No entanto, hoje em dia somos nós que dominamos. Muitos cientistas afirmam até, que desde há 50 anos atrás, entrámos num novo período geológico em que as condições biogeoquímicas são largamente impactadas, não por processos naturais, mas pelas atividades do ser humano - esta época é designada como, o Antropoceno.


A era do Humano. Uma época marcada pela perda de biodiversidade, mas também pelo uso desgovernado de combustíveis fósseis e pela vasta desflorestação. São estes dois últimos fatores que estão na origem da maior concentração, alguma vez verificada, de gases com efeito estufa na atmosfera.  


Como consequência deste colapso climático, os oceanos foram obrigados a absorver mais de 90% do calor adicional que produzimos nos últimos 50 anos, cujo resultado se manifestou na morte de metade dos recifes de corais do mundo e na célere diminuição de gelo acumulado no Ártico. Gelo, que por sua vez, tinha como capacidade, ajudar na regulação de temperaturas, devido às suas propriedades refletoras.   


Todos estes acontecimentos, tiveram como resultado um aumento verificável de 0.9ºC na temperatura média global, em relação ao período que antecedeu à revolução industrial. 


Ou seja, até à data este é o legado que estamos a deixar neste planeta. Se continuarmos por este caminho, todos os feitos históricos na história da vida humana, serão nada mais nada menos, que uma agulha num palheiro na nossa herança. Mas, atenção, nem tudo está perdido!


Ao abrigo do Acordo de Paris todos os países envolvidos comprometeram-se, por intermédio da redução de emissões de gases, a limitar o aquecimento global a, preferencialmente, não mais de 1.5ºC. O que isto nos trouxe foram dois cenários possíveis que irão ditar o nosso futuro e cuja responsabilidade está assente em nós e na nossa capacidade de implementar as medidas exigidas na década de 2020. 


1. O caminho que estamos a seguir: 


Se os governos, empresas e indivíduos não fizerem esforços para além dos que ficaram definidos no Acordo de Paris em 2015, vamos atingir uma subida no aquecimento global de, pelo menos, 3.7ºC até 2100. O que é que isto significa ? Entre muitos outros fatores, significa que: 


  • Haverá 63% da probabilidade do Ártico se encontrar sem gelo durante a época do verão, o que se traduz na subida dos níveis do mar e numa menor capacidade de estabilizar a temperatura global;

  • 41% dos mamíferos irão enfrentar a perda de metade do seu habitat natural;

  • Teremos em média 10 meses de seca, que consequentemente, irá traduzir-se na falta de água e na subida extrema de temperaturas; 

  • Vamos verificar, ainda, um aumento em mais de 97% da área queimada por fogos espontâneos, num verão normal no Mediterrâneo. 


Estes são apenas alguns aspetos do que já é possível prever. Em resumo, uma falta enorme de recursos naturais essenciais à vida humana, uma perda avassaladora de biodiversidade e podemos apenas imaginar os conflitos sociopolíticos que daí poderão surgir. Mas não percam já a esperança, porque a mudança está nas nossas mãos!



2. O caminho que podemos criar: 


Os cientistas que estudam as consequências das alterações climáticas afirmam que ainda podemos alcançar o cenário do aquecimento não ultrapassar os 1.5ºC, mas que a janela de oportunidade se está a fechar rapidamente. Para assegurarmos uma hipótese de 50% de êxito, que já por si está longe de ser ideal, devemos reduzir as emissões para metade até 2030 e assim por diante a cada década que se seguir, de forma a atingir a “neutralidade de carbono” ou “emissões zero” até 2050, o mais tardar. 


Esta informação pode ser avassaladora e deixar-vos sem esperança no nosso futuro e é natural, nós já nos encontramos na boca do lobo, mas ainda vamos a tempo. Esta informação não é nova, já temos noção destas consequência há pelo menos 3 décadas, mas o tempo está a apertar e são as mudanças que fazemos HOJE que irão impactar o amanhã. 


Não se deixem paralisar pelo mal que está feito. É imperativo sabermos o que nos trouxe até este ponto, pois só assim conseguimos mudar. 


Agora, com o coração nas mãos, vamos dar a volta por cima! Vai exigir esforço e dedicação, pois estamos em guerra connosco próprios, mas toda a moeda tem dois lados. O outro lado desta é que temos aqui uma oportunidade de nos unirmos por uma causa comum, como nunca antes o fizemos! 1 comunidade com 1 objetivo - preservar a nossa casa e todos os que vivem connosco! O que estamos à beira de perder é imensurável, mas o que temos oportunidade de ganhar é infinito! Vamos lá! 


Texto : Carlota 


Fontes: 


FIGUERES, Christiana; RIVETT-CARNAC, Tom. O Futuro que escolhemos: Como sobreviver à crise climática. 1 ed. Lisboa: Temas e Debates: Círculo de Leitores, 2020. 


Fonte de imagem: 

Disponível https://www.pinterest.com.au/pin/219761656795613247/ Acesso em Julho 2021








Sem comentários

Enviar um comentário

© A vida de uma alface
Design:Maira Gall.