Hoje em dia, a facilidade com que transportamos alimentos de e para qualquer canto do mundo faz parecer que tudo está disponível a qualquer altura do ano; Estamos habituados a comer frutos vermelhos em Janeiro e couves em Julho. Muitos de nós desconhecem até a sazonalidade dos alimentos que comemos.
Afinal, o que significa comer sazonal? Comer consoante as sazonalidades implica comer alimentos que estão a ser produzidos ao mesmo tempo em que os estamos a comer. Visto que a maioria dos alimentos ao longo do ano estão a ser produzidos algures no mundo, comer sazonal implica também comer local!
Ou seja, o objetivo, será minimizar o tempo que o alimento demora desde a colheita do alimento até que chega ao nosso prato.
Até chegarmos à revolução industrial, “o que devemos comer?”, não era uma questão; comíamos apenas o que havia, quando havia. Apesar de não ser ideal, a alimentação trazia-nos uma série de benefícios que, hoje, estamos a perder nesta era de supermercados e globalização da alimentação. Atualmente, esperamos que haja uma oferta muito variada durante todo o ano e os supermercados asseguram-se que assim seja. Este paradigma é sem dúvida muito lucrativo para os grandes revendedores, mas está cada vez mais a criar um enorme desequilíbrio na nossa saúde e ecossistema.
Desta forma, é para nós óbvia a importância de aliar a sazonalidade com a produção local, sempre que possível. Existem várias razões para aplicarmos esta mudança nos nossos hábitos alimentares:
É melhor para a nossa saúde
A Natureza não faz nada por acaso e a nossa alimentação não foge à regra. Um alimento produzido na altura certa, pode crescer com as condições que precisa, ao seu ritmo, com mínima intervenção humana. Por sua vez, esse ritmo de crescimento permite que as plantas absorvam uma maior quantidade de nutrientes No entanto, quando esse ritmo não é respeitado, vemos a utilização de processos de amadurecimento artificiais, incluindo o uso de químicos nocivos para a nossa saúde e para o solo.
Para além disso, para o produtor ou revendedor satisfazer a procura corrente, estes alimentos têm de viajar mais quilómetros até ao consumidor e consequentemente, têm de ser preservados durante o seu transporte. Durante este tempo em que o produto está a ser transportado ou espera na prateleira do supermercado, ele está a perder conteúdo nutricional.
Sabia que as frutas e legumes que contém mais vitamina C são culturas de Inverno? Tão bom ter a Natureza a cuidar de nós!
Os preços são mais baixos
Comer sazonal e local é também muito amigo da nossa carteira! Para além do óbvio - quando há mais oferta do mesmo produto o preço tende a baixar - o custo de produção é menor, visto que o produtor não precisa de ter em conta os custos de transporte e armazenamento. Outra mais valia é que, durante o seu cultivo, não há necessidade de forçar a produção com outros meios, o que representa menos custo para o produtor, assim como uma melhor preservação do solo.
Sabia que, no Inverno, o preço da courgette chega a aumentar 3 vezes mais do que no Verão?
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Sabe tudo muito melhor!
Muitos de nós já sabemos a diferença que é comer uma fruta acabada de apanhar, em comparação com aquela que é produzida em massa. Quando a produção é feita fora de estação, a prioridade é obter um amadurecimento uniforme e uma vida prolongada para que se mantenha em boas condições nas prateleiras até que chegue a sua casa. Esta produção exige intervenções durante o seu crescimento e no seu processo de amadurecimento.
Um alimento que é colhido dentro de época quando está no seu ponto ideal de amadurecimento, tem um sabor mais característico, fresco e sumarento.
Sabia que o tomate não amadurece naturalmente no Inverno? Fica encarnado por fora, mas continua sem sabor por dentro.
A Terra agradece
Tendo em conta a redução na importação e exportação de produtos, a redução do processamento e embalamento de alimentos, podemos reduzir bastante as nossas emissões de dióxido de carbono. Muitos de nós não sabemos, mas os legumes e frutas viajam, em média, 3000 km do produtor à loja mais perto de si. Entre aviões, barcos, comboios e camiões, estas viagens fazem graves contribuições para a poluição do ar, da água e do solo.
Além disso, não só a Terra, como o solo agradece! Não sendo necessário o uso de químicos e práticas insustentáveis que fazem com que o alimento cresça fora de época, existe uma maior preservação do solo e dos ecossistemas que rodeiam as áreas de cultivo.
Sabia que é necessário gastar energia para aquecer as estufas que produzem tomate ou pimento no Inverno?
Apoiamos negócios locais
No clima presente, tendo em conta todas as consequências da pandemia, a nível económico, notamos cada vez mais a importância de apoiar os negócios locais e nacionais. A escolha de comprar local pode ter ótimas repercussões para toda a região, desde incentivar a economia local, a criar novos postos de trabalho e até a criar um modo de comércio mais justo. Em Portugal temos vários produtores maravilhosos dos mais variados setores e ao apoiá-los estamos também a promover o desenvolvimento local.
Sabia que optar por produtos fora de época muitas vezes significa “obrigar” os nossos agricultores a desperdiçar colheitas só porque decidimos, por exemplo, comprar uvas da África do Sul em detrimento das laranjas nacionais?
É por todas estas razões e mais, que fizemos da sazonalidade um ponto fulcral da nossa missão! Preservar o nosso solo e produzir alimentos com qualidade nutricional e claro, com o melhor sabor! Porque a verdade é que normalmente, o que é bom para o planeta é bom para nós!
Não poderia estar mais de acordo
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