O título até poderia ser “Não batam mais no ceguinho”... Não bateria, de fossem cegos... Não só não são cegos, como são reis num país de cegos
Que a água vai ser um bem cada vez mais escasso, não há dúvida.
Do que já temos muitas dúvidas é do que vai o Estado fazer para gerir essa escassez.
Aqui não servem “as ajudas” monetárias, que ultimamente têm distribuído como quem não quer dar canas para pescar, mas peixe, que não mata a fome, mas enche a boca e cala.
Ainda hoje, sem nada pedir, recebemos um email em nome de uma tal “Medida de Compensação” relativa a um “Quadro Temporário de Crise”, com um lindo texto de enquadramento, com inclusões e exclusões, em que se propõem DAR uma ajuda ( a qual imagino, será suposto agradecermos) de 169€/ha ....
E é isto. É nisto que estamos. Migalhas oferecidas por um governo que esbanja, na tentativa desesperada de nos manter calados e quietos e que nada faz para obviar a tragédia.
Que vende (não sei se barato ou caro) o nosso país a meia dúzia de empresas para fazerem da nossa terra aquilo que lhes aprouver. De empresas que entram sugam e saem. Que vão deixar abandonados todos os locais por onde estão a passar depois de espremerem a última gota de água.
TANTA ABERRAÇÃO EM NOME DO “DESENVOLVIMENTO”!! DO DEUS DINHEIRO. DO AGORA E JÁ.
É TÃO REVOLTANTE VER TANTA ABERRAÇÃO, PARA QUEM ANDA AQUI A DAR TUDO...
NÃO SEI SE “GRITANDO” SOMOS OUVIDOS, MAS CALADOS É QUE JÁ NÃO DÁ PARA FICARMOS.
NÃO É POSSIVEL CONTINUAR A PRODUZIR INTENSIVAMENTE, DESENFREADAMENTE INTENSIVAMENTE.
Áreas imensas de um país minúsculo cobertas de olivais e amendoais super intensivos.
Áreas imensas de um país minúsculo de produções que outrora eram de sequeiro, são agora regadas intensivamente para que tudo cresça rápido, se dilua em sabor e qualidade, em nome do todo poderoso preço baixo.
Áreas imensas de um país minúsculo exploradas por empresas estrangeiras que recebem apoios ao investimento como se fossem "nós", mas que tudo espremido se vão embora sem sequer levar o lixo.
NÃO É POSSIVEL CONTINUAR A CORTAR ÁRVORES EM NOME DA SEGURANÇA, QUANDO A SEGURANÇA ESTÁ NAS ÁRVORES QUE CONSIGAMOS MANTER.
Milhares e milhares de árvores nas bermas de todas as estradas deste país a serem cortadas sem dó nem piedade. Árvores, algumas centenárias, que davam sombra, mas que mais do que tudo mantinham a humidade.
Uma árvore que se plante hoje não subsistiu a que se acabou de cortar.
SÃO ANOS SENHORES!!! SÃO MUITOS ANOS!!!
Árvores que ardem e que não se replantam.
Se soubessem as consequências destes atos... Ou melhor, se se importassem com o que estão a deixar "plantado" para as gerações futuras...
Estes senhores que mandam neste país (que dos outros não sei, mas imagino que o desvario seja igual), que se ponham a pau. Dinheiro não é tudo, ou melhor quanto mais produzimos em função de preços baixos, quanto mais decidimos em função de preços baixos, quanto mais acham que preços baixos são o melhor que podem dar ao povo, mais pobres nos vamos tornando.
E o povo, quanto mais pobre, mais dependente destes senhores que nos andam a matar o futuro.
Fiquem com as vossas “Medida de Compensação” relativas a “Quadros Temporários de Crise”.
Se é para dar então deem o que se veja para podermos continuar a investir,
Num pais pobre e minúsculo há PRRs aos milhões para o Estado, há receitas aos milhões para o Estado, e há engodo para o povo.
Hoje está tudo meio trocado por aqui, texto demasiado emotivo dá nisto. Mas nem vou atrás sob pena de achar que fui longe demais.
É MESMO ASSIM.
HOJE CANSEI!!
É QUE VAI FALTAR A ÁGUA, SENHORES!!
completamente de acordo
ResponderEliminarQue grande verdade. O pior cego é o que não quer ver.
ResponderEliminarA vergonha das culturas intensivas
ResponderEliminarNão diria melhor. Parabéns pelo texto, e pela coragem de não voltar atrás. Anabela Simões
ResponderEliminarÉ muito revoltante, Luísa. Há vários assuntos que se têm revelado nos últimos anos, que realmente nos fazem pensar se somos maluquinhos. Desde subsídios para não se produzir, à loucura de burocracia exigida às empresas pequenas (e certos segmentos da legislação que também parece que só se aplicam aos pequenos), passando pela especulação imobiliária e o relativo desinteresse pela educação em Portugal. Educar é mesmo preciso... mas educar de uma forma diferente do que se tem feito até aqui. E porque não se faz isso? Porque há mesmo interesse em que o povo esteja a dormir... e quanto mais o povo depende do estado, mais o povo se cala.
ResponderEliminarObrigada pela sua reflexão, que é também a minha. Não estou na mesma área do que vós (isto é como produtora), mas tenho de comprar todo o alimento que ponho na mesa. Optei por vos comprar a vós justamente por acreditar que é na produção racional que está o ganho, mesmo que tenha de pagar mais no momento em que recebo o cabaz. Não produzo mas sou filha de camponeses que mantiveram, sempre, uma relação de respeito com a terra e o trabalho de que resulta abundância. Que sabiam respeitar as estações e poupar água. É realmente revoltante o que se tem vindo a passar e a maioria de nós parece ficar contente porque os supermercados estão cheios de produtos vindos de todas as partes do mundo, alguns deles produzidos em condições ainda mais extremas do que as que descreve.
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