Pesticidas - A verdadeira praga



Entre questões de sabor, de saúde, de preservação da biodiversidade e do solo, há mil e uma razões para escolhermos a alimentação biológica. Enquanto ser humano já evoluímos muito, mas em certas coisas parece que teimamos em retroceder. Com pressa de ter mais e ‘melhor’, pomos de parte a lógica, o bom senso e o respeito por tudo o que há de bom e procuramos a solução mais fácil e rápida, independente das consequências. 


Os pesticidas, fertilizantes químicos e outros produtos semelhantes são um subproduto desta pressa que atualmente nos caracteriza. Pressa essa que nos bloqueia as sensações e nos despe por completo do respeito pelos ritmos da Natureza. Estes produtos que outrora foram “milagrosos” são agora uma das causas de muitos dos nossos maiores problemas. 


O uso de pesticidas tem como objetivo prevenir, destruir ou repelir qualquer tipo de praga, de forma a evitar a perda de colheitas ou a garantir uma colheita mais proveitosa. O seu uso aumentou substancialmente nas décadas de 60 e de 90, ainda que este aumento continue a ser verificado nos países menos desenvolvidos. 


No entanto, estamos agora a ver também um crescendo dos seus efeitos colaterais. A agricultura moderna veio passar por cima da Natureza, controlando e alterando os seus ritmos de forma a obtermos os resultados desejados. As monoculturas intensivas são completamente dependentes do uso de pesticidas, consomem demasiados recursos e deixam para trás um solo esgotado e águas contaminadas. 


Sabemos, atualmente, que grande parte dos alimentos que consumimos contém vestígios destas substâncias químicas. Apesar de desconhecermos o seu real impacto na nossa saúde a longo prazo, sabemos que não se decompõem facilmente e existem ainda vários estudos que apontam para correlações entre o seu consumo e certas doenças. 


Enquanto que, na Natureza que nos rodeia é mais que verificável a degradação dos solos e da biodiversidade, no ser humano vemos agora o surgimento de doenças relacionadas com a contaminação da água, do ar e dos produtos que ingerimos, especialmente quando existe exposição direta. Podemos lavar com água, com vinagre ou com qualquer outra invenção para purgar aquilo que aceitamos que ponham na nossa comida. No entanto, a verdade é que quando estão no solo e na água, todos esses químicos vão agora passar a fazer parte da planta, parte do alimento. 


É uma realidade desoladora que veio incentivar muitas pessoas a divulgarem e tornar acessível o cultivo de produtos biológicos. Nós temos orgulho de fazer parte desta equipa! 


Então, mas e como vamos alimentar toda a gente sem o uso destes produtos? 


Ora, eu não sou dona da razão, nem tenho solução para tudo, mas se falarmos de factos a realidade é que este método não alimenta toda a gente. Para além de esgotar solos ao ponto de ser difícil ou impossível regenerá-los, impedindo uma maior produção futura, a luta contra a fome não está no cerne da agricultura intensiva. 


Para além de que ainda há que lidar com outras questões que impedem a alimentação do mundo inteiro, tais como o consumo excessivo por parte do mundo ocidental, a falta de investimento na agricultura e educação agrícola em certas partes do mundo, as montanhas de desperdício alimentar que acabam em aterros sem hipótese de alimentar quem mais precisa…os típicos “mais olhos que barriga”, que caracterizam o comércio de produtos alimentares e a ganância do ser humano de querer ter tudo disponível, a toda a hora. 


Talvez se nos voltarmos para uma vida mais simples e com consciência estes problemas se comecem a resolver, mas até lá teremos de atacá-los um de cada vez. 







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