A insustentável "leveza" da agricultura intensiva.

 



A insustentável "leveza" da agricultura intensiva. 

Hectares e hectares a perder de vista de estufas com produções de frutos vermelhos que não podem ser apanhados com máquinas e nunca ninguém pensou nisso. 

E pronto, não é que descobriram milhares de emigrantes a trabalhar no sudoeste alentejano? E não é que vivem, a maioria, em condições desumanas? E não é que até recebem bons vencimentos? Só não se diz que a seguir têm que pagar, em "suaves prestações" dezenas de milhares de euros em troca de uma viagem que lhes proporcionaram até ao nosso lindo Portugal? E não é que a somar a esta prestação ainda têm que pagar uma "renda de casa". Não são todos? Realmente "todos" é muito. 

E não é que ninguém sabia? 

Sim é verdade, não é possível encontrar mão de obra nacional para trabalhos agrícolas (parece que se estende a todas as atividades, mas isso daria outra história). 

Nós também temos o mesmo problema. Também temos trabalhadores "asiáticos" . O Boonchu (já contei um bocadinho da história dele AQUI) e o Chaiwat já estão connosco há 9 anos, o Prathueang (Patieme em português :-) e o Pachernchok (Chô) há 6, são os quatro tailandeses. O Gurmeet e o Navjot são indianos e estão connosco há 2 anos. 

A história deles até cá chegarem é igual à de todos os outros. Pagaram muito para ter uma hipótese na Europa. Tanto que normalmente os primeiros dois anos de trabalho são para saldar a divida. Depois é o salve-se quem puder. Conseguir um contrato de trabalho numa empresa é o maior sonho. A maioria (não todos) trabalham para empresas de trabalho temporário. 

Aqui, como é obvio têm salário igual para trabalho igual. Têm uma casa com três quartos, uma sala e uma cozinha com ótimas dimensões, acabadinha de fazer dava para um hostel rural,  foi estreada pelos tailandeses, se está bem tratada? hummm pois...  É verdade que têm costumes bem diferentes dos nossos, conseguem "abarracar" qualquer espaço acabado de arranjar. 

E é com muito orgulho que vos digo que aqui conquistaram a liberdade e o direito a serem respeitados. 

Voltando ao inicio da história, porque o fim é sempre e só um, como pode o Diogo, um dos nossos fornecedores de mirtilo competir em preço com estas empresas? Não pode nem deve. Por isso é tão importante pagar preços justos. 

Foi há dois anos.  Falei sobre mirtilos, sobre custo, sobre preço, já foi há 2 anos mas podia ter sido hoje. VEJA AQUI  

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